quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Romance Memorialista: Violência e opressão na narrativa brasileira.

Por Jacqueline Gaudard

A rigor uma geração inteira viveu sob governos ditatoriais, que sem nenhuma cerimonia transformou o país em um verdadeiro palco de violência e opressão. Golpes militares, mudanças bruscas de rumo e regimes ditatoriais são companheiros de longa data da sociedade brasileira. O país mergulhado sobre o contexto do duro golpe de estado de 31 de março de 1964 ( um marco histórico que transformou a vida nacional no verdadeiro caos político e cultural ), ainda sofre os efeitos de uma ditadura sem limites de razão.

É sobre esse contexto histórico que percebemos a produção literária dos anos 70 voltada para uma literatura de denúncia das atrocidades cometidas pelo governo dos militares, introduzindo por partes de diversos intelectuais, escritores e artistas da época, um o olhar atento e crítico sobre o momento conturbado e agressivo do país. Colocando em discussão as mudanças introduzidas pelo regime militar e, percorrendo eixos temáticos fundamentais como história, política, sociedade e cultura. Tendo como objetivo denunciar as diversas formas de violência política cometidas pelo regime como: a tortura e o exílio. Implantados no período que corresponde aos anos 60 e 70, que deu origem a censura e a repressão.

A ficção brasileira a partir dos anos 70 procura retratar a violência política sobre diversos aspectos. O primeiro deles é a preocupação com os fatos contemporâneos, inserindo no contexto ficcional o “dado político” – como objeto de reflexão sobre a realidade. O segundo o memorialismo, como instrumento de avaliação de erros e acertos da militância política, sobretudo, pela visão de ex-militantes revolucionários que resolveram relatar suas experiências após serem presos e torturados pelo regime. E finalmente o terceiro, que  corresponde a visão fragmentada da representação da realidade, como forma de composição das partes danificadas pelo sistema opressor e violento, deixando para o leitor a tarefa árdua de tentar compreender e juntar as peças que comporam os fatos da realidade.



É sobre essa ótica que escritores como Heloneida Studart e Renato Tapajós retratam em seus romances o fruto dessa observância do contexto brasileiro, pois ambos sabem dizer na pele o que foi esse período de repressão, uma vez que, foram presos pela ditadura militar .

Cada qual com  a sua  linguagem, introduziram em suas obras o tom certo da crítica e da reflexão sobre a realidade brasileira.   

Em ambas as obras, os escritores tem o intuito de compreender todo esse universo de violência e opressão que marcou o país. A tortura e outras formas de violência política são bastante retratadas nesses romances. É sobre esse viés que tentamos esclarecer, também, o fracasso da resistência estudantil e, o quanto esse “regime ilegítimo” marcou gerações.

        

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