sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

De Aninha a Cora Coralina: Traços Biográficos

Cora Coralina descende de “sesmeiros” (ou proprietários de sesmarias), como registra em sua poesia. Seu abastado trisavô arrematou, em leilão público, terras pertencentes a fidalgos portugueses (entre os quais o 3º capitão-general da Capitania de Goiás), que se haviam instalado em belas propriedades, no alto do Vale do Uru, na Capitania de Goiás. Em Portugal, aquela família de nobres teria sido acusada de responsabilidade num atentado contra a vida de D. José I. Em razão disso, o Marquês de Pombal, ministro desse rei, que esmagava qualquer resistência ao poder, persegue e executa mesmo os que puderam ser encontrados em terras distantes, como o Brasil.

O tenente-coronel João José do Couto Guimarães, trisavô materno da poesia, homem rico e de grande projeção política, não só arremata aquelas terras, como requer também outra sesmaria. Nessa outra sesmaria instala a fazenda Paraíso, cujo nome advém da beleza do lugar, fartamente registrada por Cora Coralina em sua poesia. Este, o único paraíso que ela, ainda Aninha, conheceu na infância, já na época de seu avô Joaquim Luiz do Couto Brandão. As pompas do casamento desse avô que lhe era muito caro são recriadas em seu inesquecível poema “Estórias azul pombinho”.
A poetisa, “filha de pai nascido na Paraíba do Norte/ e de mãe goiana [...]/, descendente de portugueses”, tem vínculos, do lado materno, com a família de Bartolomeu Bueno da Silva, filho de Anhanguera. O nome de sua filha caçula, Vicência, é uma homenagem prestada a cinco homônimas que a precederam, sendo que a primeira delas, Vicência Pereira das Virgens, foi a mulher do segundo Anhanguera.


Figura 1 Cora Coralina

Anna Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas nasceu na cidade de Goiás, a 20 de agosto de 1889, menos de três meses antes da Proclamação da República, na “Casa da Ponte”. Hoje, sob o nome de Museu Casa de Cora Coralina, recebe turistas de todo o Brasil e do exterior. Naquela remota época, sendo propriedade de seu avô materno, essa casa colonial, construída no século XVIII, foi comprada por seu pai, o desembargador Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, e passada à sua mãe, Jacyntha Luíza do Couto Brandão Peixoto, 43 anos mais nova do que o marido, na ocasião em que esta lhe deu a primeira de duas filhas. Ela já teria uma do primeiro casamento e viria a ter mais outra do terceiro. O desembargador morre dois meses depois do nascimento de Cora Coralina que registra, em versos pungentes, a grande falta que lhe fez o pai:

Meu pai
In Memoriam

Meu pai se foi com sua toga de Juiz.
Nem sei quem lha vestiu.
Eu era tão pequena,
mal nascida.
Ninguém me predizia – vida.

Nada lhe dei nas mãos.
Nem um beijo,
uma oração, um triste ai.
Eu era tão pequena!...
E fiquei sempre pequenina na grande
falta que me fez meu pai




Figura 2: Casa da Ponte


Entretanto, apesar da ilustre ascendência, Aninha viveu uma infância de menina pobre, sobretudo com a decadência da fazenda Paraíso, administrada por seu avô. Eram tempos difíceis. Depois da libertação dos escravos e da proclamação da República, o país, acostumado à mão-de-obra gratuita, teve de encontrar, a duras penas, outros caminhos. A classe média empobrecida, a que pertencia Aninha, tornou-se mais pobre ainda, Cora Coralina fala em fome. E talvez por isso mesmo, tenha construído, em parte de sua obra, um canto solidário aos despossuídos e se engajado, profundamente, depois de casada, em ações sociais nas cidades do interior de São Paulo onde morou, o que teria sido causa de problemas com o marido. Sua pena esteve também a serviço dos humildes, por meio de jornais do interior paulista, sobretudo no jornal O Democrata, de Jabocaticabal, de cujo o corpo de redatores o marido fazia parte.



Figura 3: Casa da Ponte - hoje atual Museu Casa de Cora Coralina

 
Sobre sua infância, Cora Coralina constrói versos autobiográficos em que nos fala fartamente dessa quadra dolorosa de sua vida em que sofreu indiferença da mãe (viúva por três vezes e sempre fechada no universo da leitura de jornais e romances ou dos negócios); a discriminação das irmãs e a insensibilidade de adultos da família. O oásis de sua vida: sua bisavó (Mãe Iaiá), tia Nhorita e, em suas mais recuada “puerícia”, mãe Didi, ex-escrava que a “alimentou em seus seios fecundos”. Sua poesia não deixa dúvidas quanto a isto. Amava também, profundamente, o seu avô meio filósofo: “O ruim está sempre abrindo passagem/ para o bom”. Da mãe, afirma poeticamente: “Venci vagarosamente o desamor, a decepção de minha mãe”.


Figura 4: Quarto de Cora Coralina - Museu Casa de Cora


Sabe-se que Cora Coralina frequentou apenas dois três anos de escola primária. Todavia, para quem visita sua poesia e sua prosa, o seu português, com muita frequência, impressiona pela riqueza do léxico, que mergulha nas fundas raízes arcaicas da fala ancestral aprendida de sua bisavó; pelo conhecimento detalhado da nomenclatura específica de certas áreas do saber, tal como, entre outras, a da arquitetura colonial; da linguagem jurídica, adquirida certamente no convívio com o marido; ou, até mesmo, daquela relacionada a um simples carro de bois, quando o tematiza. É a “quase analfabeta” mais culta que já se viu. Num de seus poemas, escreve:


“A escola da vida me suplementou
as deficiências da escola primária
que outras o Destino não me deu.”


Sempre sedenta de leitura e uma ávida leitora de jornais, torna-se, de fato, uma autodidata. A leitura começa muito cedo. Consta que, aos doze anos, foi morar com a mãe e as irmãs na confortável fazenda do avô, por causa das dificuldades econômicas de sua família (recorde-se de que sua mãe esteve viúva por três vezes). No poema, “O longínquo cantar do carro”, a poesia informa que a sua mãe assinava e recebia o jornal O Paris que vinha do Rio de Janeiro e lhe chegava à fazenda Paraíso em carro de bois, juntamente com sua correspondência. Recebia, também, romances do Gabinete Literário Goiano e Aninha lia tudo. A poetisa, no poema mencionado, informa que foi nesse jornal que tomou gosto pela leitura e conhecimento de fatos mundiais: “O casamento de Afonso XIII com a princesa de Betenberg, /neta da rainha Vitória [...]/ E mais todo o desenrolar da guerra russo-japonesa no/ começo deste século”. Naturalmente, ela se refere à guerra de 1904 a 1905. Era apenas uma menina-moça. E o que é importante: Cora Coralina registra, nesse mesmo poema autobiográfico, que foi nessa época e exatamente no suplemento cultural do jornal O Paris, que contava com colaboradores do porte de Carlos de Laet, Arthur de Azevedo, Júlia Lopes de Almeida e Carmem Dolores, que ela publica o que chama de seus “primeiros escritinhos”. Ao longo da vida, foi sempre uma pessoa bem informada. Muito mais tarde, pôde ler também o acervo do marido, que tinha o hábito de frenquentar bons livros: clássicos franceses, russos e portugueses.



Figura 5


Consta que a primeira crônica de Cora Coralina, publicada mesmo antes de seu famoso conto “Tragédia na roça”, teria sido sobre o cometa de Halley, quando ela presenciou sua fulgurante penúltima passagem entre nós. Teria saído no famoso jornal A Rosa, fundado em 1907, de que Cora era uma das dirigentes. De modo lastimável, perderam-se todos, ou quase todos os exemplares desse periódico. No passado, seus escritos, embora aprovados por entendidos (entre eles, seu admirador dr. Acácio), eram discriminados por muitos: “Aluna atrasada de Mestra Silvina”. Sua poesia foi igualmente considerada menos, até que o maior dos poetas brasileiros de então, Carlos Drummond de Andrade, a considerasse importante. Mesmo assim, em meados da década de 80, uma renomada universidade do Planalto Central, a mesma que um dia convidara Cora Coralina para um debate com seus alunos, considerou sua obra inconsistente para uma defesa de tese, desencorajando certa mestranda a prosseguir em seu trabalho. Logo depois, Cora Coralina, sem nenhum esforço pessoal, arrebata o Prêmio Juca Pato, disputando-o com dois ilustres intelectuais brasileiros: Teotônio Vilela e Geraldo Mello Mourão. Hoje, as teses que têm sua obra como corpus se multiplicam pelo país e sua lírica está sendo estudada inclusive no exterior, a exemplo do trabalho de uma professora da Universidade de Iowa, recém-publicado no Brasil, constante da bibliografia anexa sobre a autora. E, na Universidade de Brasília, há um recente movimento de valorização e divulgação de sua obra, observando-se em camisetas de estudantes, em recursos gráficos semelhante à inconfundível logotipia da Coca Cola, uma espécie de trocadilho: Leia Cora Coralina.
A poetisa viveu 45 anos fora de Goiás. Apaixonou-se por um advogado, formado pela renomada Escola do Largo de São Francisco de São Paulo, que havia assumido o cargo de Chefe de Polícia na cidade de Goiás, dr. Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas, e fascinou a jovem goiana. Quando soube que ele vinha de um primeiro casamento, o que, à época, era um dos maiores tabus, dona Jacyntha, que antes apoiava, passou a fazer forte oposição ao namoro. A jovem engravida-se e a mãe planeja mandá-la para a fazenda Paraíso, fazendo gestões para que o advogado desapareça do lugar. Cora Coralina, sem dizer nada a ninguém, praticamente arquiteta um plano de fuga e ambos deixam Goiás. Foram, segundo ela, catorze dias a cavalo até Araguaia (onde a esperava na estação ferroviária sua grande e fiel amiga Leodegária de Jesus), e dois de trem para alcançarem São Paulo. Viveram nas cidades de Jaboticabal, São Paulo e Penápolis. Já viúva, Cora viveria ainda em Andradina. Tiveram seis filhos, dos quais dois morreram aos seis meses. Cora criou ainda, com sua e desde os dois anos de idade, a filha de Cantídio com uma mestiça dos Índios Guajajaras que o casal levou consigo para São Paulo, naquela viagem. 



Figura 6



Após a morte do marido, ocorria em 1934, ela permanece no interior de São Paulo ainda por mais de 20 anos. Somente depois de exatos 45 anos fora, ela retorna a Goiás. “Foram 16 dias para ir e 45 anos para voltar. E, quando ia, já estava voltando. Voltava para trás”, dizia a poesia. Publica o seu primeiro livro aos 76 anos de idade. Nonagenária, teve tempo de assistir à sua própria consagração. Entre as três dezenas de distinções que recebeu, incluem-se o Prêmio de Poesia no I Encontro da Mulher na Arte, em 1982; o título de Doutor Honoris Causa, outorgado pela Universidade Federal de Goiás, em 1983; o de Honra ao Mérito do Trabalho, da Presidência da República, em 1984; o troféu Juca Pato (Intelectual do Ano), concedido pela UBE e Folha de S. Paulo, também em 1984. Ainda em 1984, aos 95 anos de idade. Cora Coralina se torna a mais nova integrante da Academia Goiana de Letras, instituição que a dispensa da disputa por uma vaga. Passa a ocupar a cadeira 38, cujo patrono é Bernardo Guimarães. Já ocupava, antes, na Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, a cadeira número 5, de que é patrona.

Morre em Goiânia, a 10 de abril de 1985. Seus restos repousam ao lado do pai, como era seu desejo, no cemitério São Miguel, da Cidade de Goiás. Quis ver, ainda em vida a sua pedra  tumular inscrita, com versos
que ela própria compôs. Motivo:
“Antes que alguém escreva bobagem no meu túmulo, deixo o que quero para marcar minha passagem por essa vida.”

Hoje, empresta seu nome a bibliotecas, escolas, ruas, praças, prêmios literários e de cinema. O primeiro prêmio do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), da cidade de Goiás, leva seu nome e, até mesmo, uma flor. Um pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas, numa ação conjunta com a Agrícola da Ilha, de Joinville, batizou um hemerocale, resultado de pesquisa, com o seu nome: Hemerocallis Cora Coralina. Justa homenagem a quem plantou e cultivou flores a vida inteira e chegou mesmo a comerciá-las em Jaboticabal. O jardim de sua casa, com rosas e plantas de sombra, era o orgulho do marido Uma filha chama-se Paraguassu Amaryllis. Um nome composto fundindo uma dupla escolha: a do pai (nome indígena) e a mãe (nome de flor).



Figura 7


Cora Coralina não foi uma feminista, no sentido que se cunhou este termo. Suas entrevistas publicadas e as que estão em fitas gravadas, em instituições culturais, comprovam isto. E, igualmente, a sua própria poesia. Numa delas, exorta as mães a não deixarem seus filhos em creche. E diz: “Mulher, não te deixes castrar./ Serás uma animal somente de prazer”. No poema “A outra face” mostra-se, igualmente, contrária à esterilização feminina. 
Preocupam-na aqueles “Mestre que mestreiam as mães/ a se negarem aos filhos” e que “Estimulam o Eros”. Teme ver “os antigos valores descartados”, entre os quais a família e a própria virgindade. Revela-se também uma mulher conservadora, ou melhor diria, conciliadora, sobretudo no que se refere à instituição familiar. Para ela (em um debate gravado a 10 de junho de 1980, em fita cassete, pertencente ao acervo da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, gentilmente cedida), “o casamento é uma garantia para os filhos e para a família, o alicerce aceito pela sociedade no passado e no presente. Por que a fuga dele?”. Diz ainda: “Me perguntaram: o que a senhora acha do casamento? Eu digo: a melhor coisa da vida. [...] Acredito que a grande felicidade da mulher ainda é realizada através do casamento e da maternidade. E isto vai para o futuro”. Nascida no século XIX e vindo de um tempo muito duro para as mulheres, ela não entende o que mais a mulher possa desejar. Chegar mesmo a fazer, nesse início da década de 80, a apologia do homem contemporâneo. O parâmetro para julgar o tempo presente era, por certo, a face duríssima do passado longínquo que coube à poesia viver. Usava sempre o confronto em suas argumentações.




Figura 8

Se ela acompanhou o homem que amava, dando a impressão de estar rompendo violentamente os padrões da época, foi porque não lhe deixaram alternativa. Não quis fazer acintosa oposição à moral de ferro então vigente nem escandalizar a sociedade extremamente preconceituosa de seu tempo: seu amor ditou os seus passos. Acalentou sempre o sonho de se casar e se casou mesmo, muito mais tarde e antes de se conceber a sua última filha, com o homem que amou e com quem viveu. Foi, segundo suas próprias palavras, “muito mãe e família”. A sua poesia registra, de forma comovente, que os filhos foram o seu verdadeiro sustentáculo: “foram eles a rocha onde me aparei. [...] pão e água no meu deserto”.
 
Ela era, no entanto e em certo sentido, uma mulher diferenciada. Muitos gestos de altivez e independência de pensamento marcaram sua vida. Era católica, pertencente à Ordem Terceira de São Francisco, mas sua obra revela que a doutrina não a tornou míope. Era ecumênica e seu espírito só se sentiu apaziguado, quando João XXIII fez gestões no sentido de aproximar as religiões. Disse: “Acredito que todas sejam boas, desde que tendam para o alto”. E, apesar de mãe modelar, não hesitou em deixar os filhos, quando sentiu que já os havia criado e que cada um deles já havia ido “ao seu melhor destino”. Doou 45 anos de sua vida aos filhos e, depois, sem sentimento de culpa, aliás com o sentimento do dever absolutamente cumprido, deixou-os e veio para Goiás, cumprindo agora, e tão-somente, o seu próprio desejo: voltar às suas raízes ancestrais. Compor o “Canto da volta”. Construir, aos poucos, pacientemente e sempre “removendo pedras”, a sua carreira literária



Figura 9



Ela própria tinha consciência de ser uma mulher diferenciada, que sabia a exata medida das coisas. Em matéria, veiculada no DF Letras, citada na fortuna crítica e intitulada “Os pensamentos de Cora”, flagra-se este extraído de uma revista: “E depois se você pensar numa mulher que deixa os filhos para ir viver a vida dela, você tem que considerar que esta mulher tem qualquer marca um pouquinho diferente.” Não é sem razão que afirma em um de seus poemas “comando a rosa-dos-ventos [...] nos caminhos que tracei”. E naquele debate (de junho de 1980), ela fala da “grande felicidade que [sente] hoje em viver: longe de filhos, longe de netos, longe de bisnetos”. E afirma aquilo que considera a sua verdade: “Ninguém me faz falta. Ninguém. Nem tudo! Eles longe e eu tenho tudo, como se eles presentes fossem”. Fala de uma paz e de uma grande tranquilidade dentro de si e que desejava que se comunicasse a todos quantos pudessem vê-la. Diz ainda que seria isto um dom a ela comunicado pelo Espírito Santo e que Ele resume toda a sua religiosidade: “E lhe digo que o sentimento mais profundo, religiosamente falando em mim, ainda é o Divino Espírito Santo”. Ele é o doador das graças e dos sete dons que ela procurou incorporar, inclusive o da sabedoria, da fortaleza, da inteligência, da caridade, “o dom da paciência e o dom maravilhoso do bom conselho”.





Figura 10



Um notável gesto de altivez marcou, particularmente, a sua carreira literária. Em uma carta, que se encontra no acervo do Museu Casa de Cora Coralina e cuja cópia nos foi generosamente cedida, Coro Coralina dirige-se a um apresentador de televisão que a entrevistaria a propósito de sua segunda obra, Meu livro de cordel, e nela deixa a marca indelével de seu bicho. Ela roga a ele uma leitura isenta de seu livro e destaca isto, sublinhando uma palavra: “Tenho medo, sabe de quê? Da comiseração. O livro da velhinha, vamos dar palmas a ela. Coitada... Digo a você, prefiro uma pedrada certeira que me quebre de vez”.

De duas coisas esta mulher especial mereceria ser resguardada: de um antecipado juízo de valor negativo, como fizeram no passado, e da comiseração. Do primeiro, porque é um mesquinho preconceito. Da segunda, porque sua obra verdadeiramente a dispensa.



Por Darcy França Denófrio - UFG
(Coralina, Cora. Melhores Poemas /Cora Coralina; seleção e apresentação Darcy França Denófrio. 3 ed. rev. e ampliada - São Paulo, 2004.)









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