Cora Coralina descende de
“sesmeiros” (ou proprietários de sesmarias), como registra em sua poesia. Seu
abastado trisavô arrematou, em leilão público, terras pertencentes a fidalgos
portugueses (entre os quais o 3º capitão-general da Capitania de Goiás), que se
haviam instalado em belas propriedades, no alto do Vale do Uru, na Capitania de
Goiás. Em Portugal, aquela família de nobres teria sido acusada de
responsabilidade num atentado contra a vida de D. José I. Em razão disso, o
Marquês de Pombal, ministro desse rei, que esmagava qualquer resistência ao
poder, persegue e executa mesmo os que puderam ser encontrados em terras
distantes, como o Brasil.
O tenente-coronel João José do Couto Guimarães, trisavô
materno da poesia, homem rico e de grande projeção política, não só arremata
aquelas terras, como requer também outra sesmaria. Nessa outra sesmaria instala
a fazenda Paraíso, cujo nome advém da beleza do lugar, fartamente registrada
por Cora Coralina em sua poesia. Este, o único paraíso que ela, ainda Aninha,
conheceu na infância, já na época de seu avô Joaquim Luiz do Couto Brandão. As
pompas do casamento desse avô que lhe era muito caro são recriadas em seu
inesquecível poema “Estórias azul pombinho”.
A poetisa, “filha de pai nascido na Paraíba do Norte/ e de mãe goiana [...]/,
descendente de portugueses”, tem vínculos, do lado materno, com a
família de Bartolomeu Bueno da Silva, filho de Anhanguera. O nome de sua filha
caçula, Vicência, é uma homenagem prestada a cinco homônimas que a precederam,
sendo que a primeira delas, Vicência Pereira das Virgens, foi a mulher do
segundo Anhanguera.
Figura 1 Cora Coralina
Anna Lins dos Guimarães
Peixoto Brêtas nasceu na cidade de Goiás, a 20 de agosto de 1889, menos de três
meses antes da Proclamação da República, na “Casa da Ponte”. Hoje, sob o nome
de Museu Casa de Cora Coralina, recebe turistas de todo o Brasil e do exterior.
Naquela remota época, sendo propriedade de seu avô materno, essa casa colonial,
construída no século XVIII, foi comprada por seu pai, o desembargador Francisco
de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, e passada à sua mãe, Jacyntha Luíza do
Couto Brandão Peixoto, 43 anos mais nova do que o marido, na ocasião em que
esta lhe deu a primeira de duas filhas. Ela já teria uma do primeiro casamento
e viria a ter mais outra do terceiro. O desembargador morre dois meses depois
do nascimento de Cora Coralina que registra, em versos pungentes, a grande
falta que lhe fez o pai:
Meu pai
In Memoriam
Meu pai se foi com sua toga de Juiz.
Nem sei quem lha vestiu.
Eu era tão pequena,
mal nascida.
Ninguém me predizia – vida.
Nada lhe dei nas mãos.
Nem um beijo,
uma oração, um triste ai.
Eu era tão pequena!...
E fiquei sempre pequenina na grande
falta que me fez meu pai
Figura 2: Casa da Ponte
Entretanto, apesar da ilustre
ascendência, Aninha viveu uma infância de menina pobre, sobretudo com a
decadência da fazenda Paraíso, administrada por seu avô. Eram tempos difíceis.
Depois da libertação dos escravos e da proclamação da República, o país,
acostumado à mão-de-obra gratuita, teve de encontrar, a duras penas, outros
caminhos. A classe média empobrecida, a que pertencia Aninha, tornou-se mais
pobre ainda, Cora Coralina fala em fome. E talvez por isso mesmo, tenha
construído, em parte de sua obra, um canto solidário aos despossuídos e se
engajado, profundamente, depois de casada, em ações sociais nas cidades do
interior de São Paulo onde morou, o que teria sido causa de problemas com o
marido. Sua pena esteve também a serviço dos humildes, por meio de jornais do
interior paulista, sobretudo no jornal O
Democrata, de Jabocaticabal, de cujo o corpo de redatores o marido fazia
parte.
Figura 3: Casa da Ponte - hoje atual Museu Casa de Cora
Coralina
Sobre sua infância, Cora Coralina constrói versos
autobiográficos em que nos fala fartamente dessa quadra dolorosa de sua vida em
que sofreu indiferença da mãe (viúva por três vezes e sempre fechada no
universo da leitura de jornais e romances ou dos negócios); a discriminação das
irmãs e a insensibilidade de adultos da família. O oásis de sua vida: sua
bisavó (Mãe Iaiá), tia Nhorita e, em suas mais recuada “puerícia”, mãe Didi,
ex-escrava que a “alimentou em seus seios fecundos”. Sua poesia não deixa
dúvidas quanto a isto. Amava também, profundamente, o seu avô meio filósofo: “O
ruim está sempre abrindo passagem/ para o bom”. Da mãe, afirma poeticamente:
“Venci vagarosamente o desamor, a decepção de minha mãe”.
Figura 4: Quarto de Cora Coralina - Museu Casa de Cora
Sabe-se que Cora Coralina frequentou apenas dois três anos
de escola primária. Todavia, para quem visita sua poesia e sua prosa, o seu
português, com muita frequência, impressiona pela riqueza do léxico, que
mergulha nas fundas raízes arcaicas da fala ancestral aprendida de sua bisavó;
pelo conhecimento detalhado da nomenclatura específica de certas áreas do
saber, tal como, entre outras, a da arquitetura colonial; da linguagem
jurídica, adquirida certamente no convívio com o marido; ou, até mesmo, daquela
relacionada a um simples carro de bois, quando o tematiza. É a “quase
analfabeta” mais culta que já se viu. Num de seus poemas, escreve:
“A escola da vida me suplementou
as deficiências da escola primária
que outras o Destino não me deu.”
Sempre sedenta de leitura e uma ávida leitora de jornais,
torna-se, de fato, uma autodidata. A leitura começa muito cedo. Consta que, aos
doze anos, foi morar com a mãe e as irmãs na confortável fazenda do avô, por
causa das dificuldades econômicas de sua família (recorde-se de que sua mãe
esteve viúva por três vezes). No poema, “O longínquo cantar do carro”, a poesia
informa que a sua mãe assinava e recebia o jornal O Paris que vinha do Rio de Janeiro e lhe chegava à fazenda Paraíso
em carro de bois, juntamente com sua correspondência. Recebia, também, romances
do Gabinete Literário Goiano e Aninha lia tudo. A poetisa, no poema mencionado,
informa que foi nesse jornal que tomou gosto pela leitura e conhecimento de
fatos mundiais: “O casamento de Afonso XIII com a princesa de Betenberg, /neta da
rainha Vitória [...]/ E mais todo o desenrolar da guerra russo-japonesa no/
começo deste século”. Naturalmente, ela se refere à guerra de 1904 a
1905. Era apenas uma menina-moça. E o que é importante: Cora Coralina registra,
nesse mesmo poema autobiográfico, que foi nessa época e exatamente no
suplemento cultural do jornal O Paris,
que contava com colaboradores do porte de Carlos de Laet, Arthur de Azevedo,
Júlia Lopes de Almeida e Carmem Dolores, que ela publica o que chama de seus
“primeiros escritinhos”. Ao longo da vida, foi sempre uma pessoa bem informada.
Muito mais tarde, pôde ler também o acervo do marido, que tinha o hábito de
frenquentar bons livros: clássicos franceses, russos e portugueses.
Figura 5
Consta que a primeira crônica
de Cora Coralina, publicada mesmo antes de seu famoso conto “Tragédia na roça”,
teria sido sobre o cometa de Halley, quando ela presenciou sua fulgurante
penúltima passagem entre nós. Teria saído no famoso jornal A Rosa, fundado em 1907, de que Cora era uma das dirigentes. De
modo lastimável, perderam-se todos, ou quase todos os exemplares desse
periódico. No passado, seus escritos, embora aprovados por entendidos (entre
eles, seu admirador dr. Acácio), eram discriminados por muitos: “Aluna atrasada
de Mestra Silvina”. Sua poesia foi igualmente considerada menos, até que o
maior dos poetas brasileiros de então, Carlos Drummond de Andrade, a
considerasse importante. Mesmo assim, em meados da década de 80, uma renomada
universidade do Planalto Central, a mesma que um dia convidara Cora Coralina
para um debate com seus alunos, considerou sua obra inconsistente para uma
defesa de tese, desencorajando certa mestranda a prosseguir em seu trabalho.
Logo depois, Cora Coralina, sem nenhum esforço pessoal, arrebata o Prêmio Juca
Pato, disputando-o com dois ilustres intelectuais brasileiros: Teotônio Vilela
e Geraldo Mello Mourão. Hoje, as teses que têm sua obra como corpus se
multiplicam pelo país e sua lírica está sendo estudada inclusive no exterior, a
exemplo do trabalho de uma professora da Universidade de Iowa, recém-publicado
no Brasil, constante da bibliografia anexa sobre a autora. E, na Universidade
de Brasília, há um recente movimento de valorização e divulgação de sua obra,
observando-se em camisetas de estudantes, em recursos gráficos semelhante à
inconfundível logotipia da Coca Cola, uma espécie de trocadilho: Leia Cora
Coralina.
A
poetisa viveu 45 anos fora de Goiás. Apaixonou-se por um advogado, formado pela
renomada Escola do Largo de São Francisco de São Paulo, que havia assumido o
cargo de Chefe de Polícia na cidade de Goiás, dr. Cantídio Tolentino de Figueiredo
Brêtas, e fascinou a jovem goiana. Quando soube que ele vinha de um primeiro
casamento, o que, à época, era um dos maiores tabus, dona Jacyntha, que antes
apoiava, passou a fazer forte oposição ao namoro. A jovem engravida-se e a mãe
planeja mandá-la para a fazenda Paraíso, fazendo gestões para que o advogado
desapareça do lugar. Cora Coralina, sem dizer nada a ninguém, praticamente
arquiteta um plano de fuga e ambos deixam Goiás. Foram, segundo ela, catorze
dias a cavalo até Araguaia (onde a esperava na estação ferroviária sua grande e
fiel amiga Leodegária de Jesus), e dois de trem para alcançarem São Paulo.
Viveram nas cidades de Jaboticabal, São Paulo e Penápolis. Já viúva, Cora
viveria ainda em Andradina. Tiveram seis filhos, dos quais dois morreram aos
seis meses. Cora criou ainda, com sua e desde os dois anos de idade, a filha de
Cantídio com uma mestiça dos Índios Guajajaras que o casal levou consigo para
São Paulo, naquela viagem.
Figura 6
Após a morte do marido,
ocorria em 1934, ela permanece no interior de São Paulo ainda por mais de 20
anos. Somente depois de exatos 45 anos fora, ela retorna a Goiás. “Foram 16 dias para
ir e 45 anos para voltar. E, quando ia, já estava voltando. Voltava para trás”,
dizia a poesia. Publica o seu
primeiro livro aos 76 anos de idade. Nonagenária, teve tempo de assistir à sua
própria consagração. Entre as três dezenas de distinções que recebeu,
incluem-se o Prêmio de Poesia no I Encontro da Mulher na Arte, em 1982; o
título de Doutor Honoris Causa, outorgado pela Universidade Federal de Goiás,
em 1983; o de Honra ao Mérito do Trabalho, da Presidência da República, em
1984; o troféu Juca Pato (Intelectual do Ano), concedido pela UBE e Folha de S. Paulo, também em 1984. Ainda
em 1984, aos 95 anos de idade. Cora Coralina se torna a mais nova integrante da
Academia Goiana de Letras, instituição que a dispensa da disputa por uma vaga.
Passa a ocupar a cadeira 38, cujo patrono é Bernardo Guimarães. Já ocupava,
antes, na Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, a cadeira número 5, de
que é patrona.
Morre em Goiânia, a 10 de
abril de 1985. Seus restos repousam ao lado do pai, como era seu desejo, no
cemitério São Miguel, da Cidade de Goiás. Quis ver, ainda em vida a sua
pedra tumular inscrita, com versos
que ela própria compôs. Motivo: “Antes que alguém escreva bobagem no meu túmulo, deixo o que quero para marcar minha passagem por essa vida.”
que ela própria compôs. Motivo: “Antes que alguém escreva bobagem no meu túmulo, deixo o que quero para marcar minha passagem por essa vida.”
Hoje, empresta seu
nome a bibliotecas, escolas, ruas, praças, prêmios literários e de cinema. O
primeiro prêmio do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA),
da cidade de Goiás, leva seu nome e, até mesmo, uma flor. Um pesquisador do
Instituto Agronômico de Campinas, numa ação conjunta com a Agrícola da Ilha, de
Joinville, batizou um hemerocale, resultado de pesquisa, com o seu nome: Hemerocallis Cora Coralina. Justa
homenagem a quem plantou e cultivou flores a vida inteira e chegou mesmo a
comerciá-las em Jaboticabal. O jardim de sua casa, com rosas e plantas de
sombra, era o orgulho do marido Uma filha chama-se Paraguassu Amaryllis. Um
nome composto fundindo uma dupla escolha: a do pai (nome indígena) e a mãe
(nome de flor).
Figura 7
Cora Coralina não foi uma feminista, no
sentido que se cunhou este termo. Suas entrevistas publicadas e as que estão em
fitas gravadas, em instituições culturais, comprovam isto. E, igualmente, a sua
própria poesia. Numa delas, exorta as mães a não deixarem seus filhos em
creche. E diz: “Mulher, não te deixes castrar./ Serás uma animal somente de
prazer”.
No poema “A outra face” mostra-se, igualmente, contrária à esterilização
feminina.
Preocupam-na aqueles “Mestre que mestreiam as
mães/ a se negarem aos filhos” e que “Estimulam o Eros”. Teme ver “os antigos valores descartados”, entre os quais a família e a própria
virgindade. Revela-se também uma mulher conservadora, ou melhor diria,
conciliadora, sobretudo no que se refere à instituição familiar. Para ela (em um
debate gravado a 10 de junho de 1980, em fita cassete, pertencente ao acervo da
Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, gentilmente cedida), “o casamento é uma garantia para os filhos e para a família, o
alicerce aceito pela sociedade no passado e no presente. Por que a fuga dele?”.
Diz ainda: “Me perguntaram: o que a senhora acha do casamento? Eu digo: a
melhor coisa da vida. [...] Acredito que a grande felicidade da mulher ainda é
realizada através do casamento e da maternidade. E isto vai para o futuro”. Nascida no século XIX
e vindo de um tempo muito duro para as mulheres, ela não entende o que mais a
mulher possa desejar. Chegar mesmo a fazer, nesse início da década de 80, a
apologia do homem contemporâneo. O parâmetro para julgar o tempo presente era,
por certo, a face duríssima do passado longínquo que coube à poesia viver.
Usava sempre o confronto em suas argumentações.
Figura 8
Se ela acompanhou o homem que amava, dando a impressão de estar rompendo
violentamente os padrões da época, foi porque não lhe deixaram alternativa. Não
quis fazer acintosa oposição à moral de ferro então vigente nem escandalizar a
sociedade extremamente preconceituosa de seu tempo: seu amor ditou os seus
passos. Acalentou sempre o sonho de se casar e se casou mesmo, muito mais tarde
e antes de se conceber a sua última filha, com o homem que amou e com quem
viveu. Foi, segundo suas próprias palavras, “muito mãe e família”. A sua poesia
registra, de forma comovente, que os filhos foram o seu verdadeiro sustentáculo:
“foram eles a rocha onde me aparei. [...] pão e água no meu deserto”.
Ela era, no entanto e em
certo sentido, uma mulher diferenciada. Muitos gestos de altivez e independência
de pensamento marcaram sua vida. Era católica, pertencente à Ordem Terceira de
São Francisco, mas sua obra revela que a doutrina não a tornou míope. Era ecumênica
e seu espírito só se sentiu apaziguado, quando João XXIII fez gestões no
sentido de aproximar as religiões. Disse: “Acredito que todas
sejam boas, desde que tendam para o alto”. E, apesar de mãe modelar, não hesitou em
deixar os filhos, quando sentiu que já os havia criado e que cada um deles já
havia ido “ao seu melhor destino”. Doou 45 anos de sua vida aos filhos e,
depois, sem sentimento de culpa, aliás com o sentimento do dever absolutamente
cumprido, deixou-os e veio para Goiás, cumprindo agora, e tão-somente, o seu
próprio desejo: voltar às suas raízes ancestrais. Compor o “Canto da volta”.
Construir, aos poucos, pacientemente e sempre “removendo pedras”, a sua
carreira literária
Figura 9
Ela própria tinha consciência de ser uma
mulher diferenciada, que sabia a exata medida das coisas. Em matéria, veiculada
no DF Letras, citada na fortuna
crítica e intitulada “Os pensamentos de Cora”,
flagra-se este extraído de uma revista: “E depois se você pensar numa mulher
que deixa os filhos para ir viver a vida dela, você tem que considerar que esta
mulher tem qualquer marca um pouquinho diferente.” Não é sem razão que
afirma em um de seus poemas “comando a rosa-dos-ventos
[...] nos caminhos que tracei”. E naquele debate (de junho de 1980), ela fala da “grande
felicidade que [sente] hoje em viver: longe de filhos, longe de netos, longe de
bisnetos”. E afirma aquilo que considera a sua verdade: “Ninguém me faz falta. Ninguém. Nem tudo! Eles longe e eu tenho
tudo, como se eles presentes fossem”. Fala de uma paz e de uma grande
tranquilidade dentro de si e que desejava que se comunicasse a todos quantos
pudessem vê-la. Diz ainda que seria isto um dom a ela comunicado pelo Espírito
Santo e que Ele resume toda a sua religiosidade: “E lhe digo que o
sentimento mais profundo, religiosamente falando em mim, ainda é o Divino Espírito
Santo”.
Ele é o doador das graças e dos sete dons que ela procurou incorporar,
inclusive o da sabedoria, da fortaleza, da inteligência, da caridade, “o dom da
paciência e o dom maravilhoso do bom conselho”.
Figura 10
Um notável gesto de
altivez marcou, particularmente, a sua carreira literária. Em uma carta, que se
encontra no acervo do Museu Casa de Cora Coralina e cuja cópia nos foi
generosamente cedida, Coro Coralina dirige-se a um apresentador de televisão
que a entrevistaria a propósito de sua segunda obra, Meu livro de cordel, e nela deixa a marca indelével de seu bicho.
Ela roga a ele uma leitura isenta de seu livro e destaca isto, sublinhando uma
palavra: “Tenho medo, sabe de quê? Da comiseração. O livro da velhinha, vamos dar palmas a ela.
Coitada... Digo a você, prefiro uma pedrada certeira que me quebre de vez”.
De duas coisas esta mulher
especial mereceria ser resguardada: de um antecipado juízo de valor negativo,
como fizeram no passado, e da comiseração. Do primeiro, porque é um mesquinho
preconceito. Da segunda, porque sua obra verdadeiramente a dispensa.
Por Darcy França Denófrio - UFG
(Coralina, Cora. Melhores Poemas /Cora Coralina; seleção e apresentação Darcy França Denófrio. 3 ed. rev. e ampliada - São Paulo, 2004.)
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