terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Entre Pedras e Flores: Tece-se a obra de arte, as palavras... a poesia!

Entendemos como arte, toda e qualquer manifestação artística que funciona como meio de expressar a emoção, a experiência e a descoberta da matéria artística para a elaboração da linguagem, que é para o  escritor, poeta, artista plástico, músico, dramaturgo, dentre outras manifestações, o sentido da própria vida.
A arte é um meio de comunicação coletiva, porém, tentar conceitua-la é uma tarefa extremamente subjetiva, visto que a arte varia de acordo com a cultura a ser analisada, período histórico ou até mesmo indivíduo em questão.

O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, segunda edição), em duas de suas definições da palavra arte assim se expressa:
«atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito, de caráter estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação»...; «a capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou sentimentos ....»

Sendo assim, Literarte: Entre pedras e flores tem o objetivo de falar sobre arte e literatura – dos diversos gêneros literários ou artísticos – apresentar o universo das artes, o imaginário literário, os caminhos percorridos pelos artistas, vida e obra, e assima de tudo, o amor pelas artes. É lançar, ao leitor, um olhar novo - visto pelo ângulo dos artistas - , o desejo de descobrir a melhor forma de manifestar seus sentimentos através daquilo que a própria vida é capaz de transmitir ao homem, ou seja, através da sensação do “sentir a vida”; como natureza única do existir no mundo.  
Para dar início a essa jornada, apresento uma mulher de fibra que se descobriu poeta na fase idosa, depois de uma vida inteira de luta, inclusive com um casamento desastroso que ela carregou corajosamente e, só após a morte do marido, conseguiu se ver em sua enorme e verdadeira dimensão, como mulher e como poeta. Entretanto, sua poética jamais se fizera adormecida durante os anos de luta, pois entre um tacho de doce, e outro, foi tecendo seus versos, e sua vida:


Das Pedras

Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.

Uma estrada, 
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
e plantando flores.

Entre pedras que me esmagavam
levantei a pedra rude
dos meus versos.





Não sei... se a vida é curta ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
Mas que seja intensa, verdadeira, pura... Enquanto durar"







 “Assim é Cora Coralina repito: Mulher extraordinária, diamante goiano, cintilando na solidão, e que pode ser contemplado em sua pureza no livro Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais (...)

Carlos Drummond de Andrade (1980)








Aninha e suas pedras
(Outubro, 1981)


Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.


  



 

“Luta, palavra vibrante
que levanta os fracos
e determina os fortes.”