Valentina Igoshina começou a estudar piano com sua
mãe, e teve suas primeiras lições em casa aos quatro anos. Aos 12, ingressou na
Escola Central de Música de Moscou e e tornou-se aluna de Sergei Dorensky e Larissa Dedova, no Conservatório de Moscou.
Igoshina também atuou como professora de piano no
Conservatório Peter Tchaikovsky em Moscou. Entre recitais e concertos, divide
seu tempo entre Moscou e Paris.
Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz
A VIDA VIVIDA
Quem sou eu senão um grande sonho obscuro em face do
Sonho
Senão uma grande angústia obscura em face da Angústia
Quem sou eu senão a imponderável árvore dentro da
noite imóvel
E cujas presas remontam ao mais triste fundo da terra?
De que venho senão da eterna caminhada de uma sombra
Que se destrói à presença das fortes claridades
Mas em cujo rastro indelével repousa a face do mistério
E cuja forma é prodigiosa treva informe?
Que destino é o meu senão o de assistir ao meu Destino
Rio que sou em busca do mar que me apavora
Alma que sou clamando o desfalecimento
Carne que sou no âmago inútil da prece?
O que é a mulher em mim senão o Túmulo
O branco marco da minha rota peregrina
Aquela em cujos abraços vou caminhando para a morte
Mas em cujos braços somente tenho vida?
O que é o meu Amor, ai de mim! senão a luz impossível
Senão a estrela parada num oceano de melancolia
O que me diz ele senão que é vã toda a palavra
Que não repousa no seio trágico do abismo?
O que é o meu Amor? senão o meu desejo iluminado
O meu infinito desejo de ser o que sou acima de mim mesmo
O meu eterno partir da minha vontade enorme de ficar
Peregrino, peregrino de um instante, peregrino de todos os instantes
A quem repondo senão a ecos, a soluços, a lamentos
De vozes que morrem no fundo do meu prazer ou do meu tédio
Qual é o meu ideal senão fazer do céu poderoso a
Língua
Da nuvem a Palavra imortal cheia de segredo
E do fundo do inferno delirantemente proclamá-los
Em Poesia que se derrame como sol ou como chuva?
O que é o meu ideal senão o Supremo Impossível
Aquele que é, só ele, o meu cuidado e o meu anelo
O que é ele em mim senão o meu desejo de encontra-lo
E o encontrando, o meu medo de não o reconhecer?
O que sou eu senão ele, o Deus em sofrimento
o temor imperceptível na voz portentosa do vento O bater invisível de um coração no descampado ...
She lives on Love Street Lingers long on Love Street She has a house and garden I would like to see what happens
She has robes and she has monkeys Lazy diamond studded flunkies She has wisdom and knows what to do She has me and she has you
She has wisdom and knows what to do She has me and she has you
I see you live on Love Street There's this store where the creatures meet I wonder what they do in there Summer Sunday and a year I guess I like it fine, so far
She lives on Love Street Lingers long on Love Street She has a house and garden I would like to see what happens
La, la, la, la, la, la, la La, la, la, la, la, la, la La, la, la, la, la, la, la La, la, la, la, la, la, la La, la, la, la, la, la, la
Não é dado a todo o mundo
tomar um banho de multidão: gozar da presença das massas populares é uma arte.
E somente ele pode fazer, às expensas do gênero humano, uma festa de
vitalidade, a quem urna fada insuflou em seu berço o gosto da fantasia e da
máscara, o ódio ao domicílio e a paixão por viagens.
Multidão, solidão: termos iguais e conversíveis pelo poeta ativo e fecundo.
Quem não sabe povoar sua solidão também não sabe estar só no meio de uma
multidão ocupadíssima.
O poeta goza desse incomparável privilégio que é o de ser ele mesmo e um outro.
Como essas almas errantes que procuram um corpo, ele entra, quando quer, no
personagem de qualquer um. Só para ele tudo está vago; e se certos lugares lhe
parecem fechados é que, a seu ver, não valem a pena ser visitados.
O passeador solitário e pensativo goza de uma singular embriaguez desta
comunhão universal. Aquele que desposa a massa conhece os prazeres febris dos
quais serão eternamente privados o egoísta, fechado como um cofre, e o
preguiçoso. ensimesmado como um molusco. Ele adota como suas todas as
profissões, todas as alegrias, todas as misérias que as circunstâncias lhe
apresentem.
Isto que os homens denominam amor é bem pequeno, bem restrito, bem frágil
comparado a esta inefável orgia, a esta solta prostituição da alma que se dá
inteiramente, poesia e caridade, ao imprevisto que se apresenta, ao
desconhecido que passa.
É bom ensinar, às vezes, aos felizes deste mundo, pelo menos para humilhar um
instante o seu orgulho, que existem bondades superiores às deles, maiores e
mais refinadas, Os fundadores de colônias, os pastores de povos, os sacerdotes
missionários exilados no fim do mundo conhecem, sem dúvida, alguma coisa dessas
misteriosas bebedeiras; e, no seio da vasta família que seu gênio criou, eles devem
rir, algumas vezes, dos que se queixam de suas fortunas tão agitadas e de suas
vidas tão castas.
BAUDELAIRE, Charles. As multidões. In: Pequenos
poemas em prosa. Ed. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1976.,
Esta mostra, composta por
vários textos e imagens, homenageia o Nobel de Literatura José Saramago e
uma das suas grandes obras, Levantados do Chão, editada em 1980.
Publicado
em 1980Levantado do Chão,
considerado pela crítica como um dos romances fundamentais de José Saramago, é
fruto da convivência de alguns meses com os trabalhadores da União Cooperativa
de Produção Boa Esperança, quando o escritor se mudou para o Lavre e Montemor-O-Novo.
Viajando, ao longo da obra, como narrador, o autor acompanha a vida de dor e
sofrimento de três gerações: Domingos Mau-Tempo, o seu filho João e os netos
António e Gracinda, casada com António Espada. Eles representam o povo do
Alentejo. Um povo que luta contra as forças opressoras (os latifundiários, as
forças da ordem e a Igreja). É uma luta obstinada e de muitos sacrifícios, num
ambiente de miséria rural. É uma fotografia do movimento anti-fascista no
Alentejo.
Levantados do Chão percorre
uma zona do Alentejo caracterizada pelo latifúndio, desde o final do século XIX
até ao período pós-25 de abril. Sobre este livro, disse Saramago:
“Um escritor é um homem como os outros: sonha.
E o meu sonho foi o de poder dizer deste livro, quando terminasse: ‘Isto é um
livro sobre o Alentejo.’ Um livro, um simples romance, gentes, conflitos,
alguns amores, muitos sacrifícios e grandes fomes, as vitórias e os desastres,
a aprendizagem da transformação, e mortes. É portanto um livro que quis
aproximar-se da vida, e essa seria a sua mais merecida explicação.”
«O que mais há na terra é paisagem», diz José Saramago a
abrir Levantado do Chão.
Paisagem, gentes e os caminhos que as pessoas, sejam reais sejam literárias,
construíram para tornar mais humanas as suas vidas.