Entendemos como arte, toda e qualquer manifestação
artística que funciona como meio de expressar a emoção, a experiência e a
descoberta da matéria artística para a elaboração da linguagem, que é para
o escritor, poeta, artista plástico, músico, dramaturgo, dentre outras
manifestações, o sentido da própria vida.
A arte é um meio de comunicação coletiva, porém,
tentar conceitua-la é uma tarefa extremamente subjetiva, visto que a arte varia
de acordo com a cultura a ser analisada, período histórico ou até mesmo
indivíduo em questão.
O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
(Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, segunda edição), em duas de suas
definições da palavra arte assim se expressa:
«atividade
que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito, de caráter
estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem
o desejo de prolongamento ou renovação»...; «a capacidade criadora do artista
de expressar ou transmitir tais sensações ou sentimentos ....»
Sendo assim, Literarte:
Entre pedras e flores tem o objetivo de falar sobre arte e literatura – dos
diversos gêneros literários ou artísticos – apresentar o universo das artes, o
imaginário literário, os caminhos percorridos pelos artistas, vida e obra, e
assima de tudo, o amor pelas artes. É lançar, ao leitor, um olhar novo - visto
pelo ângulo dos artistas - , o desejo de descobrir a melhor forma de manifestar
seus sentimentos através daquilo que a própria vida é capaz de transmitir ao
homem, ou seja, através da sensação do “sentir a vida”; como natureza única do
existir no mundo.
Para dar
início a essa jornada, apresento uma mulher de fibra que se descobriu poeta na
fase idosa, depois de uma vida inteira de luta, inclusive com um casamento desastroso
que ela carregou corajosamente e, só após a morte do marido, conseguiu se ver
em sua enorme e verdadeira dimensão, como mulher e como poeta. Entretanto, sua
poética jamais se fizera adormecida durante os anos de luta, pois entre um
tacho de doce, e outro, foi tecendo seus versos, e sua vida:
Das Pedras
Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam
levantei a pedra rude
dos meus versos.
Não sei... se a vida é curta ou longa
demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
Mas que seja intensa, verdadeira, pura... Enquanto durar"
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
Mas que seja intensa, verdadeira, pura... Enquanto durar"
“Assim é Cora Coralina repito: Mulher extraordinária, diamante goiano,
cintilando na solidão, e que pode ser contemplado em sua pureza no livro Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais
(...)”
Carlos Drummond de Andrade (1980)
Aninha e suas pedras
(Outubro, 1981)
Não te deixes
destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos
poemas.
Recria tua vida,
sempre, sempre.
Remove pedras e
planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida
mesquinha
um poema.
E viverás no coração
dos jovens
e na memória das
gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso
de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu
uso
aos que têm sede.
“Luta, palavra
vibrante
que levanta os fracos
e determina os
fortes.”